quinta-feira, 27 de setembro de 2012


Quarenta e oito horas  
"O tempo põe o grisalho na sua barba, o tempo leva o poder de explosão
e enquanto isso você está pensando - como um tolo - que ele ainda está ao seu lado." (Stephen King)
 
 
               Queria que o dia de hoje tivesse quarenta e oito horas. Só hoje. Não seria necessário mudar calendários, ampulhetas ou relógios: só queria que o dia de hoje tivesse quarenta e oito horas. Olho ao redor e vejo tarefas, compromissos, solicitações. Tudo a ser feito, pouco já executado, nada com tempo de folga. Por que a vida é assim, tão regrada, milimetricamente, ao som do tic tac, incessante onomatopeia que nos dimensiona o quão finitos somos?

               Sei que se trata de um querer impossível, cuja concretização é essencialmente abstrata. Mas fica o desejo de que esse tempo se estenda, congelem-se os minutos e os segundos passem em slow motion...

               O tempo todo nosso tempo escoa, o tempo voa, amor... escorre pelas mãos... E não há o que faça voltar os segundos, horas, minutos que um dia teimaram em ir. O que nos resta? Viver. Amar dessa vez como se fosse a última. Brindar a brevidade da vida chorando o dia que se vai. Pois ele sempre irá. E, com ele, nós.

               Vaidade, tudo é vaidade, já dizia o pregador, que talvez quisesse nos ensinar que tudo passa, na massacrante valsa do tempo.

               Eu? Apenas queria que meu dia hoje tivesse quarenta e oito horas.

               Mas sei que se isso ocorresse, reclamaria por setenta e duas.

2 comentários:

  1. É...assim mesmo,o tempo só voa. Temos é que aproveitá-lo bem. Gostei do texto.

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  2. Obrigada por registrar o comentário. Volte sempre. Um abraço.

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