Prioridade
A mulher acordou atrasada, como todos os dias. Repetia-se também a desculpa: foi dormir tarde na noite anterior e perdera a hora. Preparou o café como quem tem fome: às pressas, irrefletidamente. Precisava se arrumar, acordar a filha, arrumar a filha, despachá-la para a escola. A van não esperaria; como a vida, era implacável.
Aprontaram-se, enfim. A criança apenas olhava para a mãe, talvez se sentindo culpada pelo mau humor alheio que gerava silêncios, resmungos, ações bruscas, indiferença. Abre a porta, para ajudar a mãe. Mas derruba a própria mochila, que se põe no caminho da mãe, derrubando-a. O olhar materno fulmina a menina. Antes que a adulta da relação esbravejasse algum ultraje, porém, a pequena lhe estende uma das mãos, enquanto, com a outra, afaga-lhe os cabelos.
- Eu ajudo você, tá, mamãe?
Pausa na vida. Filme que passa. Roda que envolve. Silêncio. Comoção. Arrependimento. A mulher apenas abraçou-se à menina, chorando, sentindo, sofrendo, escolhendo.
Lembrara-se de repente do que era importante.
Que bonito, minha amiga!
ResponderExcluirSó consegui ver agora, mas nunca é tarde para nos depararmos com coisas boas...
Beijo enorme e parabéns pelo blog!
Oi, Marcela! Bom receber sua visita! Bom saber que você gostou! Volte sempre, sim? Beijo grande!
ResponderExcluirLindo, Simone. Sensível demais e com uma narrativa que envolve. Muito imagético. Consegui imaginar e, mais do que tudo, sentir.
ResponderExcluirQue comentário "maduro", Bella! Parece ter sido feito por uma colega de profissão... Torço muito por você. Obrigada por comentar. Beijo.
ResponderExcluirQue bonito, me emocionou! te admiro ainda mais Professora.
ResponderExcluirObrigada pelo carinho, querida! Beijo grande.
ResponderExcluir