Sonho turquesa
Mergulhou, enfim. Não no mar: no
ar. E era tanta a imensidão azul que lhe invadia os poros, lhe atiçava os pelos
e lhe acalmava a alma que tudo parecia passar à sua frente em câmera lenta.
Sonho turquesa de infinita paz.
Ali, no ar, flutuava docemente
enquanto se esquecia de que há problemas na vida.
Ali, no ar, dançava ao som do
vento que a conduzia, na certeza de um momento divinamente especial.
Ali, no ar, perdia medos e
segredos; tornava-se feliz. Libertamente feliz.
Lançava-se ao vento, sem medos. Espaço
sem coação ou obrigações, pleno dos viveres bonitos que tanto ansiava que
fossem reais. Seus e reais. Sorria e era feliz naqueles instantes de flutuação
que se estendiam como uma toda vida. Gozava cada segundo. Sorvia. Nutria-se. Carpe diem, carpe diem.
Agarrava-se ao sonho azul. Porque
sabia que em breve acordaria numa manhã cinzenta,
cujas nuvens densas invadiriam
com pesar
a palidez de sua vida.