terça-feira, 12 de novembro de 2013
domingo, 10 de novembro de 2013
“Coisas de menina”
Sentia-se diferente
há dois dias. Indisposta e triste até. Queixou-se com a mãe.
- Deixa de
frescura, Gabriela. Desde quando uma menina de onze anos tem motivos pra se
sentir mal? – retrucou a mãe, enquanto se voltava para a máquina de costura, apressando-se
para terminar uma encomenda a ser entregue no dia seguinte.
A resposta em
nada ajudou. Um pouco antes da novela das oito, Gabriela avisou que ia se
deitar. Como já havia voltado da escola e feito as tarefas que lhe cabiam, a
mãe não ligou, mesmo notando na filha certo abatimento, uma ausência de postura
ao andar, uma palidez curiosa; a isso julgou como sendo apenas “coisas de
menina”.
Gabriela só
queria repousar. Escovou os dentes, lavou o rosto e preparava-se para urinar
quando viu que de si escorria um líquido vermelho escurecido, uma pequena nódoa
que manchava a calcinha. O coração disparou. Assustada, a menina não sabia o
que fazer.
- Mããããe!
A mãe veio ao
encontro da filha e logo percebeu o que acontecia. Por estar nervosa – ainda não
estava preparada para um momento como esse! -, conversou em tom muito formal, falando,
entre gaguejos, os cuidados e, principalmente, os riscos a que a menina a
partir de agora estava sujeita. “Minha filha, minha doce menina, está crescendo,
enfim”, pensava a mãe, enquanto procurava um absorvente e explicava à filha
como usar. Gabriela ouvia tudo com atenção.
No banho morno
recomendado pela mãe, sorriu. Sentia-se mais viva, fluida e fêmea como nunca
fora. Uma certeza a inundava: crescia, enfim.
terça-feira, 5 de novembro de 2013
sexta-feira, 1 de novembro de 2013
Tomé
“No mesmo instante caiu sobre ele
névoa e escuridão, e, andando à roda, procurava quem o guiasse pela mão.”
(Atos 13:11 - Bíblia Sagrada)
Sempre duvidou de tudo que não podia compreender.
Precisava comprovar o que ouvia, via, sentia. Era um homem bom, mas extremamente
desconfiado. Chamava-se Tomé. Arriscava o mínimo, pensava o máximo, inquiria
sempre.
Até que, certa vez, andando Tomé por
uma rua movimentada, em plena luz do dia, caiu sobre ele névoa e escuridão.
Desespero e insegurança abateram o homem. Sem nada enxergar, embora o sol
brilhasse a pino, Tomé andava às cegas, procurando quem o guiasse pela mão.
Ninguém vinha, porém, em seu auxílio. As pessoas que assistiam a tudo temiam se
aproximar, pois não podiam crer no que viam.
Assim, engolido pela dúvida alheia, Tomé foi-se perdendo em meio à escuridão que lhe invadiu a alma. E, imerso em trevas, Tomé acreditou, enfim, que estava incompreensivelmente perdido para sempre.
Assim, engolido pela dúvida alheia, Tomé foi-se perdendo em meio à escuridão que lhe invadiu a alma. E, imerso em trevas, Tomé acreditou, enfim, que estava incompreensivelmente perdido para sempre.
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