terça-feira, 12 de novembro de 2013

Dia quente   
          A mulher olhava pela janela. Era um dia insosso, como costumava dizer. O sol quente explodia o céu com sua gloriosa cor; o clima era pesado, estava tudo tão seco e quente que dava preguiça pensar em algo, por mais tolo que fosse. Do alto do terceiro andar, por trás de janelas de vidro, a mulher via os transeuntes. Uns caminhavam avidamente, passando vez ou outra a mão pela testa, a fim de se livrar do suor. Outros iam devagar, talvez desanimados pelo mesmo calor, talvez apenas cansados de viver a mesmice de suas vidas. 
          A mulher olhava-os e suspirava. Não se importava muito se seus dias seriam de sol ou chuva. Queria mesmo é redescobrir a alegria de viver, dia a dia, com a pureza das crianças, a ousadia dos adolescentes, a serenidade e a experiência dos que se maturaram na vida. Era apenas esse seu desejo.
          Suspirou outra vez, diminuiu a temperatura de seu ar condicionado e voltou para sua vidinha fria, tão toscamente normal, sem emoção ou calor. Sua existência a angustiava muito mais do que aquele dia quente e seco.

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