terça-feira, 5 de novembro de 2013

Inverno

Desperta assustado, pulso acelerado, suando em bicas. Um calor intenso lhe percorre o corpo ao mesmo tempo em que se sente fraco, adoecido. Estranha, pois, olhando pela janela, pode ver os muitos flocos de neve caindo suave e lentamente no alvo cenário. É inverno, o rigoroso inverno londrino.
- Será que estou doente? - preocupa-se.
É péssimo ficar doente quando se vive só e distante, amargo preço que se paga pela independência. Tenta se levantar, mas sente tamanho peso sobre a cabeça que se vê forçado a ficar deitado, quase imóvel. Mexe as pernas e sente, com nojo, o suor que invade sua cama, encharcando-a. Precisa sair dali, há tanto que precisa fazer! Fecha os olhos e tenta pensar em algo bom, que o impulsione a se erguer.
Então ele se vê criança, estendendo uma flor para a mãe, na beira da praia, quando ainda viviam no Rio de Janeiro. A mãe inunda a existência do menino com seu sorriso, o mais belo sorriso que ele se recorda já ter visto, arruma seus cachinhos negros desordenados pelo vento, beija-lhe as faces rosadas. A imensidão do mar é pequena diante do amor infinito que a mãe sente por ele; as ondas do mar não o embalam tão bem quanto os braços da mamãe. Ele lhe faz cócegas; ela retribui; ambos correm pela areia da praia. São felizes, e o tempo lhes parece eterno.
Abre os olhos, confortado pela imagem materna. Sorri, pois descobre que não sua, tampouco está deitado em uma cama asquerosamente molhada; antes, encontra-se bem aninhado sob um quente e confortável edredom. Olhando pela janela, pode ver os muitos flocos de neve caindo suave e lentamente no alvo cenário. É inverno, tempo de paz.

2 comentários:

  1. Seguindo!!!
    Retribui??
    http://overdoselite.blogspot.com.br/
    https://www.facebook.com/overdoselite
    Bjus

    ResponderExcluir