Inverno
Desperta assustado,
pulso acelerado, suando em bicas. Um calor intenso lhe percorre o corpo ao
mesmo tempo em que se sente fraco, adoecido. Estranha, pois, olhando pela
janela, pode ver os muitos flocos de neve caindo suave e lentamente no alvo
cenário. É inverno, o rigoroso inverno londrino.
- Será que
estou doente? - preocupa-se.
É péssimo
ficar doente quando se vive só e distante, amargo preço que se paga pela
independência. Tenta se levantar, mas sente tamanho peso sobre a cabeça que se vê
forçado a ficar deitado, quase imóvel. Mexe as pernas e sente, com nojo, o suor
que invade sua cama, encharcando-a. Precisa sair dali, há tanto que precisa
fazer! Fecha os olhos e tenta pensar em algo bom, que o impulsione a se erguer.
Então ele se vê
criança, estendendo uma flor para a mãe, na beira da praia, quando ainda viviam
no Rio de Janeiro. A mãe inunda a existência do menino com seu sorriso, o mais
belo sorriso que ele se recorda já ter visto, arruma seus cachinhos negros
desordenados pelo vento, beija-lhe as faces rosadas. A imensidão do mar é
pequena diante do amor infinito que a mãe sente por ele; as ondas do mar não o
embalam tão bem quanto os braços da mamãe. Ele lhe faz cócegas; ela retribui;
ambos correm pela areia da praia. São felizes, e o tempo lhes parece eterno.
Abre os olhos,
confortado pela imagem materna. Sorri, pois descobre que não sua, tampouco está
deitado em uma cama asquerosamente molhada; antes, encontra-se bem aninhado sob
um quente e confortável edredom. Olhando pela janela, pode ver os muitos flocos
de neve caindo suave e lentamente no alvo cenário. É inverno, tempo de paz.
|
Seguindo!!!
ResponderExcluirRetribui??
http://overdoselite.blogspot.com.br/
https://www.facebook.com/overdoselite
Bjus
Obrigada! Já retribuí! Beijos!
ResponderExcluir