quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Para sempre
Seguiam aquele caminho há tanto tempo juntos que nem sequer sabiam como seria soltar a mão um do outro. Tampouco queriam isso. Alimentavam-se do “estou aqui”. Alegravam-se pelo “vou contigo”. Emocionavam-se com o “eu te ajudo”. Anos a fio fora assim. E cada “eu te amo”, “estamos juntos”, “quero-te ao meu lado”, “que bom ter você aqui”, “também amo você” renovava a cada dia a alegria de ser um a parte do outro, outro a continuação do um.
Um dia, porém, chegou o fim do caminho para um deles. E as mãos precisaram se desunir. A dor ante a possibilidade de separação daquelas mãos umbilicalmente imbricadas há tantos anos era demais para ambos. Um fechou os olhos, precisava ir. Outro os abriu para ver melhor. E se assustou, docemente. Na palma daquelas mãos disjuntas, havia nascido uma flor alva, que reluzia, brilhante, e trazia uma tepidez envolvente. Calmaria após os balanços do mar. Um abriu os olhos: sabia que era a última vez. Outro retribui o olhar com um sorriso. Ambos olharam suas mãos. Era assim, então. As mãos em flor não precisavam mais se tocar. Suas raízes estariam juntas para sempre.


8 comentários:

  1. Que seja assim! Obrigada por ler e comentar. Grande abraço!

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  2. Bom saber que você gostou, Taísa! Beijo!!!

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  3. Ler seus escritos traz paz e calmaria ao coração. Lava a alma, de fato. Simone, obrigada por palavras tão lindas. De verdade.

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  4. Kamila, querida... Obrigada pelo carinho de suas palavras. E obrigada também por passar por aqui. Volte sempre! Saudades...

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  5. Minha linda, saudades de vocês. Adoro seus textos. Muitos beijosss!!

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  6. Tânia, querida! Que saudade! Obrigada por passar por aqui e deixar seu comentário! Beijo grande!

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