terça-feira, 15 de outubro de 2013

O menino e seus mestres

O menino segurou firme a mão da mãe e ambos subiram os três degraus que separavam a rua da porta da Escola. Era lindo aquele prédio... Muitos desenhos de bichinhos, plantas por todos os lados, flores multicores e mensageiros dos ventos espalhados pelo jardim. Chegou a pensar que sonhava, mas sabia que, se em sonho, seu coração não bateria tão alto como agora. Sua mãe acariciou-lhe a mãozinha, percebendo o nervosismo. Abaixou-se à altura do menino, beijou-lhe a testa com carinho e disse:
- Meu anjo, este será o melhor dia da sua vida.
Então, em meio a muitas outras crianças e mães, ele a viu. Era alta, de cabelos negros, longos e encaracolados. Usava grandes óculos de aros vermelhos, no meio dos quais seus olhos castanhos brilhavam. Tinha um sorriso nos lábios que parecia com o de sua mãe. Abriu os braços ao ver o menino:
- Então você chegou! Estava mesmo te esperando!
E enquanto dizia, abaixava-se à altura do menino (à semelhança, outra vez, da mãe), para recebê-lo com um abraço. O menino foi deixando de lado o medo e se sentindo acolhido e querido. Sabia que ficaria bem. Despediu-se da mãe, largando-lhe, finalmente a mão.
Era o primeiro dos muitos dias que viveria, feliz e seguro, na companhia dela. Tânia, Luísa, Fernanda, Cristina; Fabiano, Sérgio, Simone, Anderson; Patrícia, Selma, Valdilene, Luiz. Muitos nomes seus professores tiveram, ao longo de sua vida, cada um lhe deixando muito de saber, muito de viver, muito de amar. O menino crescia e seu amor por tantos mestres que lhe ampliavam a vida somente aumentava. Colhia suas histórias, seus ensinamentos, a doação do que eram e sabiam como se colhe o néctar de uma flor: com paciência e ternura. Aproveitava a alegria que era seguir ao lado deles – professores doutores em alegria, em simpatia, em altruísmo e emoção. Divertia-se com as músicas que traziam, emocionava-se com os filmes que passavam, refletia com tantas de suas palavras e textos. Eles faziam o menino descobrir que ele também muito sabia; e isso aumentava o brilho do olhar, a emoção e a surpresa ao conhecer o que ainda não sabia, mas que, suavemente, se descortinava ante seus olhos pelas doces mãos de seus mestres.
Quando cresceu ao ponto de decidir o que queria fazer da vida, não teve dúvidas: escolheu ser professor. Porque todo o amor (e mais, muito mais) que recebera de seus mestres, ao longo da vida, deveria ser distribuído a muitos outros meninos. Inseguros e grudados nas mãos de suas mães até descobrirem tanta magia e beleza (e mais, muito mais) que só pode existir num professor.

2 comentários:

  1. Me fez lembrar de tanta coisa, tantos professores. Parabéns!

    ResponderExcluir
  2. Obrigada por passar por aqui e comentar! Abraço!

    ResponderExcluir