Naquele abraço
Tentando poetizar as tantas partidas que acontecerão ou já aconteceram hoje, aqui na Escola SESC de Ensino Médio. Tentando deixar gravado um pouco do misto entre dor e alegria por ver que vocês encerraram essa etapa da vida. Tentando amenizar a própria dor, secar as próprias lágrimas, acalmar o próprio coração.
Vocês sempre serão os primeiros... Que Deus os abençoe sempre.
Era a hora de dizer adeus e ambos sabiam disso. Adiaram o quanto puderam, mas, quisessem ou não, chegara o momento em que não há mais pausas a serem dadas, nem hiatos que não sejam preenchidos. O momento exato que sempre se soube um dia chegar, mas sempre se desejou inexistente. A hora era chegada.
Olharam-se. Um levava uma mochila nas costas. O outro trazia a pequena mala nas mãos. O instante era de dor e tristeza, mas havia também uma magia que enlevava não aqueles corpos, mas os espíritos, a um estágio de leveza e nostalgia. Largaram tudo no chão - lá onde já estavam sua dureza, seu mau humor, sua solidão, coisinhas que aprenderam, com a magia da convivência, a largar, porque descobriram que o melhor é o coração mole, o bom humor e a parceria.
E abraçaram-se.
Naquele abraço, toda a paz, todo o bem querer e toda a felicidade que se possa desejar a alguém. Naquele abraço, um mundo de bons sentimentos, de boas lembranças, de braços dados e lágrimas em comum. Naquele abraço, as dúvidas de tanto tempo, as certezas que duram só um segundo, as expectativas de uma vida inteira. Naquele abraço, o encontro de duas almas, que se tornaram uma só naqueles anos de convivência. Naquele abraço, a cumplicidade, a concretude do significado da palavra "irmão", a generosidade da partilha, o companheirismo, a lealdade, o ombro sempre amigo, sempre presente, sempre tão seu.
Quando se soltaram, havia muitas lágrimas nos olhos de ambos. Mas sabiam que o momento já não mais se podia adiar.
Beijos nas mãos e o adeus marcaram, taciturnamente, uma despedida que, sabiam, se reproduzia uma centena de vezes naquele dia, naquele local. O fim de um começo que daria continuidade a muitos abraços e encontros, sempre únicos. Como aquele.
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