terça-feira, 3 de setembro de 2013

Tempo

Pousou a mão direita, lentamente, sobre a esquerda. Olhou-as. Era difícil ver o quanto envelhecera. Olhou-as com dor e pesar, com lembranças de uma vida que fora vivida há tanto tempo, meu Deus, que nem parecia mais ser a sua.
Respirou fundo. E uma lágrima deslizou, insana, por aquela sua velha face, tão enrugada quanto as mãos que ainda observava. Ali, quieta, a espiar o tempo que lhe deixara tantas marcas – ou será que espiava apenas as tantas marcas deixadas pelo tempo? – tentou, mas não conseguiu impedir a lembrança de uma canção que ouvira quando jovem, e que agora sabia, sempre trouxera uma doce verdade: O tempo não para.

Ergueu-se da poltrona de forro desbotado, tomou uma taça e encheu-a de vinho. Sozinha na sala, abriu um sorriso amarfanhado e ergueu a taça, trêmula, num derradeiro brinde ao Tempo.

9 comentários:

  1. Obrigada por comentar, Matheus! Volte outras vezes! Beijo!

    ResponderExcluir
  2. Querida amiga, Simone, ainda bem que deixastes fluir a ponto de transbordar aos míseros leitores tanta inspiração. Estou bastante emocionado com o texto, melhor, com a poesia em prosa do "TEMPO" que com maestria você transformou em linhas. Parabéns, amiga!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Meu querido amigo: obrigada pelo constante carinho. Você me inspira. Beijo grande!!

      Excluir
  3. Respostas
    1. Sarita, obrigada por comentar! Passe sempre por aqui! Beijo!!

      Excluir
  4. Parabéns pelo texto; traga outros e deixa fluir sua reflexão.

    ResponderExcluir