Des...encontros
Era noite e estava frio. Eles seguiam
em direções opostas.
Para ele, o fim de tudo, afinal. Para
ela, lembranças e dor no peito.
Ele pensava no tempo perdido ao
lado dela. Ela lamentava não estarem abraçadinhos naquela noite fria.
Ele tentava esquecer,
cantarolando uma canção, embora a canção lembrasse um passeio adorável que
fizeram. Ela insistia em recordar o tudo de bom que viveram juntos.
Ele se lembrou de que deixara sua
carteira com ela; mania que cultivava desde que iniciaram o namoro, porque
reclamava que a carteira no bolso o incomodava demais, melhor deixar na bolsa
dela. Ela apertou a bolsa contra o peito e sentiu o volume que a fez sorrir:
sem a carteira, ele iria voltar. Ele iria voltar!
A contragosto, ele deu meia volta
e pôs-se a apertar o passo, para alcançá-la logo. Ela, cheia de esperanças, se
virou e aguardou.
Ele a viu de longe e sorriu meio sem querer da mania que a
via reproduzir mais uma vez: passar os cabelos para trás da orelha três vezes
seguidas... Sinal de que ela estava nervosa. Ela sentia o coração bater mais
forte à medida que notara o vulto dele se aproximar.
Esqueci minha carteira, ele disse, sem coragem de olhá-la nos
olhos. Percebi agora. E fiquei feliz
porque sabia que você voltaria para pegar... Ela respondeu baixinho, quase
um sussurro frente ao peito dele, seus olhos buscando encontrar os dele em sua
direção. Estavam tão pertinho, corpos colados. Ela reclinou a cabeça em seu
peito. Assim, sem pensar na separação recente. Só para sentir mais uma vez sua
respiração. Ele tremeu ao receber a pressão suave do corpo dela. Fechou os olhos
sentindo o cheiro delicado daqueles cabelos ondulados que ele tanto admirava. Lembraram-se
de como era bom estarem lado a lado. E sentiram-se aquecidos naquela noite
fria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário